Sob a ótica daqueles que perderam, venho aqui prestar minhas condolências.
Não se pensa muito sobre ela. Os que a evitam, padecem neuróticos, os que a amam, padecem suicidas.
Não parece haver direção ideal, apenas, talvez, aquela que escolhem os conformados - estamos aqui agora, e depois, já não estaremos mais.
"É a única certeza", dizem alguns, afirmação de dupla proporção, por um lado, afagos de consolo, por outro, temida aflição.
A descrença inicial, a dor, o niilismo que se apoderam do espírito, parecem integrar o átimo da perda. Toda desolação manifesta, revive o primitivo sentimento da queda inicial, o desespero, a impotência; é o momento no qual nos damos conta de nossa insignificância diante da morte, da fugacidade da vida terrena.
Somos contrariamente arrastados a um estado reflexivo de inércia volitiva. Em nenhum outro momento haverá maior necessidade de atribuir significados e sentidos como neste, que, de forma mordaz, é o que menos concederá tais respostas.
A dúvida e a perplexidade são as primeiras companheiras nesse caminho pelo qual chamam de "luto".
A gravidade da confusão se amplia à medida que a reflexão paira as contingências do evento - mas era jovem; mas tinha filhos; mas era um homem devotado; mas era amado; e então, Deus, por que?
Admito que nem mesmo todas as mais apinhadas explicações teológicas e os mais místicos versos cristãos estancarão a dor do primevo espanto de perceber estar na vida terrena e não ter mais aqui alguns entes queridos. Infelizmente, tal dor precisa ser vivenciada, desgastada e retorcida até o último bálsamo, para que finalmente seja possível conceder à própria consciência o consolo contrito de um coração derramado pelos seus.
A dor fornecerá a posterior compreensão - verdadeiramente, não somos daqui.
A eternidade é o lugar de nossa alma e ela clama e chora diante da incerteza do porvir, mas consola-se ante à memória cravada, de seu Criador.
Que possamos lembrar-nos, é à Eternidade que devemos recordar, pois o corpo se desfaz, mas a alma permanece. Que a fé se renove a cada labareda deitada sob a cera, que cada lágrima vertida transforme-se em atos de indulgência para nossas almas queridas que partiram, que seus feitos sejam consolo nas lembranças e saibamos sempre que a Deus pertencem todas as coisas.
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A ti caro mestre, que tanto me ensinaste,
que tanta paciência dispôs, e a tantos se doou.
À tua alma que agora se alenta no divino, olhai agora para os teus que aqui ficaram.
Agradeço-te por tua vida honrada, que de compaixão foi carregada e de exemplos vívidos construída.
Choro por tua precoce partida,
Por um último adeus não proclamado,
Pela viúva e lindas pequenas que muito amaste,
que agora, prematuramente deixastes;
Consolo-me na certeza de que estás com o Criador,
Sei que Ele há de zelar pelos que ficam;
E que cada pranto seja aliviado pelas memórias louváveis que aqui deixaste em vida.
Requiem aeternam dona eis, Domine
ResponderExcluirEt lux perpetua luceat eis
Te decet hymnus, Deus in Sion
Et tibi reddetur votum in Jerusalem
Exaudi orationem meam
Ad te omnis caro veniet
Requiem aeternam dona eis, Domine
Et lux perpetua luceat eis
Kyrie eleison
Christe eleison
Kyrie eleison